História 9º ano A
e B
Temas:
A proclamação da República e
seus desdobramentos. (1889-1930)
A questão da inserção dos negros no
período republicano do pós-abolição.
Pesquisa, leitura
e relatório sobre os temas.
Confecção de mapa mental.
Sites para pesquisas
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=2bmTCLGJZ3w>.
Acesso em: 16 mar. 2020.
Primeira República
É o período da história do Brasil que aconteceu de 1889 a 1930, tendo sido iniciado com a Proclamação da República que aconteceu em 15 de novembro de 1889 e encerrou-se com a deposição de Washington Luís como consequência da Revolução de 1930. Esse período é conhecido por muitos como República Velha, mas entre os historiadores o termo utilizado para referir a esse período é Primeira República.
Proclamação da
República
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República,
que aconteceu no dia 15 de novembro de 1889. A derrubada da monarquia ocorreu
pela perda de apoio político fazendo com que esse regime se tornasse impopular
entre as elites do Brasil. Os militares, insatisfeitos com a monarquia há
tempos, e uma parcela da sociedade civil, sobretudo os oligarcas paulistas,
organizaram um movimento para derrubar a monarquia.
Em 15 de novembro, liderados pelo marechal
Deodoro da Fonseca, os militares destituíram o Visconde de Ouro
Preto do Gabinete Ministerial. Ao longo do dia, as movimentações políticas
levaram José do Patrocínio a proclamar a República na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso marcou o início da Primeira República
Brasileira.
Periodização
A Primeira República, conforme já mencionado, estendeu-se de 1889
a 1930. Um período específico da Primeira República que foi de 1889 a 1894,
também é conhecido como República da Espada.
Esse nome se deve ao fato de que os dois presidentes brasileiros
(Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto) foram militares. A
República da Espada, porém, é um período incorporado à Primeira República.
Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases,
conforme estabelece o professor Marcos Napolitano|1|:
·
Consolidação (1889-1898): período marcado
pela consolidação das estruturas políticas e econômicas da Primeira República.
Foi assinalado por crises na política e na economia.
·
Institucionalização (1898-1921): período no qual a
estrutura política da Primeira República estava devidamente consolidada. Aqui
se definiram políticas como a dos governadores e do café com leite.
·
Crise (1921-1930): período no qual as estruturas
políticas da Primeira República entraram em crise por conta da incorporação de
novos atores na política brasileira. Conflitos entre as oligarquias também
contribuíram para o fim da Primeira República.
Características
A
Primeira República, além de República Velha, é muito conhecida também como República Oligárquica e
isso porque esse período ficou marcado pelo predomínio das oligarquias sobre nosso país. As
oligarquias eram forças políticas que baseavam o seu poder em suas posses, isto
é, na terra (os oligarcas eram, em geral, grandes proprietários de terra).
O
predomínio das oligarquias sobre a política do Brasil começou a ser consolidado
a partir de 1894, quando Prudente de Morais foi
eleito presidente. A eleição de Prudente de Morais também marcou o fim
do citado período conhecido como República da Espada. O predomínio das
oligarquias resultou em algumas características que são consideradas grandes
marcas da Primeira República.
Essas características são o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo. Essas três
simbolizam o poder das elites agrárias do país manifestado na posse de terras,
além de manifestar o poder dos coronéis sobre as regiões interioranas do Brasil
e a troca de interesse, elemento fundamental para a sustentação das oligarquias
no poder.
Outras características muito importantes desse período foram as
políticas que sustentavam as estruturas no âmbito político do Brasil. Aqui
estamos falando da política dos governadores e da política do
café com leite. Essas políticas foram muito importantes, porque reduziram os
conflitos entre as oligarquias, mas não acabaram com eles.
·
Política dos governadores
A política dos governadores, também conhecida como política dos
estados, foi criada durante o governo de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e 1902. Foi com a política
dos governadores que o funcionamento político brasileiro na Primeira República
foi estruturado. Por meio dessa política, foi possível realizar uma aliança entre
executivo e legislativo.
O historiador Boris Fausto definiu os
objetivos da política dos governadores da seguinte maneira:
Seus objetivos
podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas políticas no âmbito de
cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a um acordo básico
entre a União e os Estados; pôr fim à hostilidade existente entre Executivo e
Legislativo, domesticando a escolha dos deputados|2|.
Na prática, essa política funcionava
da seguinte maneira: o Governo Federal daria apoio à oligarquia mais poderosa
de cada Estado. Em troca, o governo exigia que cada oligarquia apoiasse as
propostas do Governo Federal no legislativo.
Assim, as oligarquias deveriam eleger
deputados dispostos a atuar em favor do governo no legislativo. Com o apoio à
oligarquia mais poderosa, o Governo Federal esperava que os conflitos políticos
respingassem o mínimo possível no âmbito federal e ficassem reduzidos apenas ao
âmbito estadual.
O funcionamento da política dos governadores dependia
consideravelmente da figura do coronel, pois seria
ele que, a nível regional, mobilizaria os votos necessários para eleger os
candidatos certos, de acordo com o interesse de cada oligarquia.
O coronel usava seu poder financeiro para pressionar as pessoas a
votar em determinado candidato. Essa intimidação dos eleitores é conhecida como
“voto
de cabresto”. Além da intimidação, a fraude das atas que
registravam os votos eram uma prática comum.
·
Política do café com leite
A política do café com leite é um conceito clássico quando nos
referimos à Primeira República. Essa política ganhou força no Brasil, sobretudo
a partir de 1913, com a assinatura do Pacto de Ouro Fino, entre as
oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Esse conceito refere-se ao revezamento
dos candidatos lançados à presidência por essas duas
oligarquias.
Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na
presidência da República. O nome “café com leite” faz referência ao fato de que São Paulo era
o maior produtor de café do Brasil, enquanto que Minas Gerais era o maior
produtor de leite.
O uso desse conceito para explicar a
Primeira República tem sido criticado pelos historiadores, porque as
oligarquias mineira e paulista eram importantes, mas o funcionamento jogo
político desse período não passava exclusivamente por elas, uma vez que
existiam outras oligarquias no país.
Economia
No campo econômico, o Brasil seguiu com grande dependência do café. O grande
produtor dele no Brasil era o estado de São Paulo. No começo do século XX, os
cultivadores começaram a aumentar a quantidade de café produzida, o que
acarretou a queda do preço desse produto, uma vez que o mercado ficou
abarrotado com a mercadoria. Visando a defender seus interesses, os
cafeicultores reuniram-se no Convênio de Taubaté.
Nesse convênio, decidiu-se que o governo
brasileiro compraria o excedente de sacas de café com o
objetivo de controlar o preço desse produto no mercado internacional. Isso
garantiria os lucros dos fazendeiros e resolveria a questão do preço do café.
Além disso, decidiu-se que o Estado realizaria um empréstimo de 15 milhões de
libras para conseguir realizar a compra do excedente dessas sacas.
Na Primeira República também aconteceu um pequeno desenvolvimento industrial, sobretudo no
Estado de São Paulo. O desenvolvimento industrial em São Paulo foi, em parte,
financiado pela prosperidade do negócio cafeeiro e a cidade de São Paulo
concentrou grande parte desse crescimento industrial.
As indústrias receberam um grande número de trabalhadores
imigrantes e
o crescimento industrial resultou no surgimento do movimento
operário do Brasil, sobretudo a partir de 1917, quando aconteceu a Revolução Russa.
Decadência da
Primeira República
A Primeira República iniciou sua fase decadente na década de 1920.
A entrada de novos atores na política nacional, como os tenentistas,
contribuiu para seu fim. O desgaste do pacto que mantinha as
oligarquias minimamente em paz também contribuiu para o fim desse período da
história brasileira. Na década de 1920, os tenentistas foram uma força que
abalou a estrutura da Primeira República.
Isso
aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas oligárquicas
que estavam estabelecidas no país. Ao longo da década de 1920, os tenentistas realizaram uma
série de revoltas por todo o país como a Revolta dos 18 do Forte de
Copacabana, a Revolta Paulista de 1924 e
a Coluna Prestes.
Importante mencionar que a Primeira República foi um período
marcado por tensões sociais que
resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil. Aqui podemos citar a Guerra de Canudos, Revolta da Armada, Guerra do Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata etc.
Leia este texto para saber mais sobre revoltas da Primeira
República.
O
estopim para o fim da Primeira República foi a eleição presidencial de
1930.
Naquela ocasião, o presidente Washington Luís resolveu
romper com o Pacto de Ouro Fino e em vez de lançar um candidato mineiro optou
por lançar Júlio Prestes, candidato paulista. Isso
desagradou profundamente a oligarquia mineira que se aliou à oligarquia gaúcha
e aos tenentistas, e juntos lançaram Getúlio Vargas como candidato
presidencial.
Getúlio
Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral, inconformados com a
derrota, começaram a conspirar contra o governo. A desculpa utilizada pelos
membros da Aliança Liberal (chapa de Vargas) para iniciar uma revolta armada
contra o governo foi o assassinato
de João Pessoa,
vice-presidente de Vargas. O assassinato de João Pessoa, porém, não teve
relação com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e Vargas.
A revolta contra o governo, nomeada como Revolução de 1930,
iniciou-se em 3 de outubro de 1930, e, no mesmo mês, no dia 24, resultou na deposição de Washington
Luís da presidência. Júlio Prestes foi impedido de assumir a presidência do país
e, em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi empossado como
presidente provisório do país. Esse era o fim da Primeira República, e o início
da Era Vargas,
período que se estendeu por quinze anos.
Resumo
·
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República
em 15 de novembro de 1930.
·
A posse de Getúlio Vargas como presidente, após a Revolução de
1930, marcou o fim desse período.
·
A política dos governadores e a política do café com leite eram
práticas importantes desse período.
·
A Primeira República pode ser dividida em República da Espada e
República Oligárquica.
·
Outras características importantes desse período foram mandonismo,
clientelismo e coronelismo.
·
O Convênio de Taubaté foi um acontecimento importante, pois
garantiu os interesses dos cafeicultores paulistas|1| NAPOLITANO, Marcos. Primeira República: consolidação e crise (Aula 2, parte 1). Para acessar, clique aqui. |2| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 222-223.
SILVA, Daniel Neves. "Primeira República"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/primeira-republica.htm. Acesso em: 27 mar. 2020.